Especialistas do CEJAM explicam condição que ganhou destaque nos últimos dias após diagnóstico recebido pela atriz Letícia Sabatella
A atriz Letícia Sabatella divulgou recentemente ter descoberto aos 52 anos o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), caracterizado como um distúrbio do desenvolvimento neurológico, relacionado a dificuldades comportamentais, desenvolvimento da comunicação e socialização.
Para elucidar o assunto, especialistas do CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” esclarecem alguns mitos e verdades sobre o tema.
1. Existem tipos diferentes de autismo.
Verdade. De acordo com a psicóloga Ana Paula Ribeiro Hirakawa, que atua no Centro Especializado em Reabilitação (CER) IV M’Boi Mirim, gerenciado pelo CEJAM em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, há quatro tipos de déficits, que se diferem entre si, e englobam comunicação; interação social; repertório restrito; e comportamentos estereotipados e repetitivos. Além disso, o autismo também apresenta variações em níveis.
“Existem três níveis de gravidade dentro do espectro autista, dos quais serão avaliados os prejuízos na comunicação social e os padrões de comportamentos restritos e repetitivos, sendo eles: nível 3, exigindo apoio muito substancial, nível 2, exigindo apoio substancial e nível 1, exigindo apoio.”
2. Toda pessoa com TEA tem inteligência acima da média.
Mito. O autismo pode apresentar uma grande diversidade de sintomas e níveis. Assim, a profissional afirma que existem pessoas com TEA que têm habilidades direcionadas para algum assunto de interesse, mas não são todas.
3. É possível ser diagnosticado com autismo depois de adulto.
Verdade. Apesar dos sinais começarem a surgir nos primeiros anos de vida, a psicóloga explica que os sintomas podem não ser percebidos. “A pessoa com TEA pode se adaptar como qualquer outra, mas pode seguir apresentando dificuldades que interferem no seu dia a dia – por exemplo, nas relações sociais – porém, que não foram investigadas e acompanhadas anteriormente.”
Segundo a profissional, o diagnóstico é clínico, ou seja, não existe um exame específico para detectá-lo, por isso, ele deve ser feito a partir da observação do paciente. Alguns sinais que podem indicar o transtorno são: atraso na fala, interesse compulsivo por determinados assuntos e dificuldades de socialização e participação de atividades em grupos.
“A observação clínica se mostra importante para o diagnóstico, em que se considera a singularidade e subjetividade de cada sujeito, lembrando que é preciso ter cuidado para classificações generalizadas e banalizadas. Não é possível fazer um diagnóstico somente com um checklist obtido na internet”, alerta.
Ana ressalta, ainda, ser importante realizar uma investigação para excluir outros possíveis diagnósticos como avaliação auditiva e neurológica.
4. O tratamento para o autismo é multidisciplinar.
Verdade. O tratamento pode envolver diversos profissionais, como psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, entre outros.
A terapeuta ocupacional do CER IV M’Boi Mirim Vivian Ogawa enfatiza que na unidade são utilizadas diferentes estratégias para estimular o desenvolvimento, como horta terapêutica, atividades de cozinha, jogos e brincadeiras lúdicas.
“É sempre importante utilizar atividades de interesse e escolha do paciente, para uma maior vinculação terapêutica, protagonismo na atividade e melhor desempenho no processo terapêutico”, completa.
Vivian também destaca o papel da família no progresso do tratamento, praticando a inclusão e empoderando o indivíduo. “É essencial que a família insira o paciente em todas as atividades e rotina da casa, e nunca fazer por ele, mas sim auxiliá-lo a fazer e participar, mesmo que seja uma tarefa simples ou de forma adaptada.”
CER IV M’Boi Mirim
Com uma equipe multiprofissional composta por fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista, educador físico, assistente social e acompanhamento médico especializado (neurologista infantil e adulto, oftalmologista e otorrinolaringologista), o CER IV M'Boi Mirim oferece atendimento em reabilitação na região do Jardim Herculano, na zona Sul de São Paulo.
Conforme a gerente da unidade, Suzi Simões, o CER realiza, em média, 2.300 procedimentos mensais para a especialidade de reabilitação e desenvolvimento, e acompanha 200 pessoas com diagnóstico de autismo.
A unidade possui uma estrutura completa e que possibilita o estímulo dos pacientes, com sala de recursos sensoriais, sala de realidade virtual e sala de Atividade de Vida Diária (AVD). Além disso, as abordagens terapêuticas são definidas considerando as especificidades de cada um.
“Realizamos atendimentos individuais e em grupos a partir do projeto terapêutico singular (PTS) construído pela equipe multiprofissional e família, de acordo com os objetivos e necessidades identificadas na avaliação”, explica Suzi.
Sobre o CEJAM
O CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” é uma entidade filantrópica e sem fins lucrativos. Fundada em 1991, a Instituição atua em parceria com prefeituras locais, nas regiões onde atua, ou com o Governo do Estado, no gerenciamento de serviços e programas de saúde nos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Mogi das Cruzes, Itu, Osasco, Campinas, Carapicuíba, Franco da Rocha, Guarulhos, Santos, São Roque, Francisco Morato, Ferraz de Vasconcelos, Peruíbe e Itapevi.
Com a missão de ser instrumento transformador da vida das pessoas por meio de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde, o CEJAM é considerado uma Instituição de excelência no apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS). O seu nome é uma homenagem ao Dr. João Amorim, médico obstetra e um dos fundadores da Instituição.
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Quadro com símbolo autista